
Dividida entre Brasil e Itália, a defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália há 30 dias, aposta em provar que o estado de saúde da parlamentar está comprometido, e até mesmo agravado, após a detenção, e que ela não pode permanecer presa no Instituto Penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma.
Para isso, os advogados chegaram a contratar uma perícia médica — realizada de forma paralela à solicitada pela Justiça italiana. Conforme apurou o Metrópoles, o documento tem quase 90 páginas.
As doenças destacadas pelo laudo são:
- Fibromialgia: uma doença que causa dor em todo o corpo, principalmente nos músculos e tendões. Segundo o Ministério da Saúde, a síndrome também provoca fadiga, distúrbios do sono, ansiedade, alterações de memória e de atenção, cansaço excessivo e depressão.
- Doença cardiovascular: condições que afetam o coração e os vasos sanguíneos e exige atendimento médico especializado.
- Sintomas graves de depressão: doença mental de elevada prevalência, sendo a mais associada ao suicídio. A depressão tende a ser crônica e recorrente, principalmente quando não é tratada. Pode ser desencadeada por eventos estressantes mas também é relacionada a genética e à bioquímica cerebral, de acordo com o Ministério da Saúde.
Além dessas doenças, familiares de Zambelli, 45 anos, apontam que ela sofre de pelo menos 10 efemeridades, entre elas síndrome da taquicardia postural ortostática, um distúrbio do sistema nervoso autônomo caracterizado por um aumento excessivo da frequência cardíaca; síndrome vasovagal, que provoca desmaios; síndrome de Ehlers-Danlos (SED), que afeta o tecido conjuntivo; e um meningioma, um tipo de tumor no cérebro que já teria sido tratado.
Além disso, ela teria ativação mastocitária, uma condição na qual os mastócitos (células do sistema imunológico) liberam substâncias químicas em excesso; esofagite de refluxo; condromalácia, caracterizada pela degeneração da cartilagem da patela; artrose nos joelhos; disautonomia; hipertensão; e depressão profunda.
Na última audiência, em 13 de agosto, a deputada passou mal e precisou de atendimento médico emergencial dentro da Corte. Na ocasião, a Justiça italiana determinou uma perícia médica oficial, apresentada em audiência nesta quarta-feira (27/8).
O documento oficial, por sua vez, vai na direção contrária à perícia contratada pela defesa da parlamentar e atesta que Zambelli tem condições de permanecer na prisão, sob tratamento, onde tem acesso aos medicamentos que precisa.
Carla Zambelli na Itália
- Zambelli está presa na Itália desde o dia 29 de julho, depois de ficar quase um mês foragida da Justiça brasileira.
- Na última quinta-feira (22/8), por 9 a 2, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto, além da perda do mandato, pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
- Ela foi acusada de perseguir, armada, o jornalista Luan Araújo, apoiador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
- Essa é a segunda condenação de Zambelli por um colegiado do STF. Na primeira, Zambelli foi condenada pela Primeira Turma a 10 anos e oito meses de prisão.
- A decisão se baseou na participação da parlamentar na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, e na inserção de documentos falsos na plataforma.
Corte ainda não tomou decisão
Após ser ouvida na audiência desta quarta, Zambelli foi mandada de volta ao Instituto Penitenciário de Rebibbia, onde vai aguardar a decisão da Corte, que será tomada de forma reservada e comunicada à defesa da parlamentar, provavelmente ainda hoje.
A defesa da parlamentar se disse confiante e classificou a sessão como “muito boa”. Para os advogados, a expectativa é de que Zambelli vá para casa.
“Eles (juízes) falaram que em breve vão dar o resultado. A expectativa é que ela vá pra casa”, afirmou o defensor Fabio Pagnozzi.
Segundo ele, Zambelli deve permanecer na Itália, em prisão domiciliar, enquanto aguarda processo de extradição, na casa de um um familiar do marido.
A deputada chegou algemada à 4ª Seção Penal do Tribunal de Apelação de Roma, vestindo jeans e moletom cinza. No tribunal, estavam presentes o marido de Zambelli, Aginaldo de Oliveira, o irmão Bruno, o advogado Fabio Pagnozzi e quatro advogados italianos. O defensor Angelo Alessandro Sammarco disse que a parlamentar está “abatida, mas combativa”.
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