Por que vocĂȘ deveria comer chucrute e outros alimentos fermentados





Embora seja uma das tĂ©cnicas mais antigas para a preservação de alimentos, a fermentação tem ganhado cada vez mais espaço em laboratĂłrios de pesquisa com o objetivo de esmiuçar seus benefĂ­cios Ă  saĂșde. Um dos trabalhos recentes, publicado em abril no periĂłdico Applied and Environmental Microbiology, mostra que o repolho fermentado, conhecido como chucrute, pode contribuir para a proteção intestinal.


Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, avaliaram os impactos do processo fermentativo no perfil nutricional da verdura e descobriram que houve um aumento na quantidade de compostos de ação antioxidante e anti-inflamatória, com destaque para os fenólicos e os carotenoides.



Observaram ainda a produção de novas substĂąncias, caso dos isotiocianatos, que tambĂ©m ajudam a reduzir o estresse oxidativo, bem como ĂĄcido lĂĄtico e alguns aminoĂĄcidos associados Ă  saĂșde digestiva.


Após essa etapa, por meio de anålises microscópicas e outras tecnologias, compararam a atuação do repolho cru com o fermentado em células intestinais, e descobriram que o chucrute ajudou a manter a integridade celular.


O trabalho mostra, portanto, que o alimento favorece a função da barreira intestinal. “A atuação pode ajudar a proteger o intestino de danos inflamatĂłrios”, comenta a nutricionista Giuliana Modenezi, do Espaço Einstein Esporte e Reabilitação, do Hospital Israelita Albert Einstein.


Essa proteção também colabora para a absorção de vitaminas e sais minerais, entre outros nutrientes, e contribui para o equilíbrio da microbiota.


O grupo dos fermentados


No idioma original, o alemão, o chucrute leva o nome de sauerkraut, que significa repolho azedo. Ele é feito com o vegetal picado em fatias bem finas e misturado ao sal, o que leva à proliferação de microrganismos do bem.


Då para preparar em casa, basta tomar muito cuidado com a higiene para que bactérias nocivas fiquem fora da receita. Além da hortaliça e do sal, é necessårio um recipiente de vidro esterilizado para ter, em algumas semanas, a tradicional iguaria alemã, que costuma ser servida com a carne de porco.


Veja, a seguir, outros fermentados que se destacam em pesquisas pela contribuição para a saĂșde digestiva:


Kefir


Sua matĂ©ria-prima sĂŁo grĂŁos que contĂȘm bactĂ©rias, como lactobacilos e bifidobactĂ©rias, alĂ©m de leveduras de ação probiĂłtica. Essas partĂ­culas fermentam leites, bebidas vegetais e atĂ© a ĂĄgua.


TambĂ©m pode ser feito em casa, seguindo Ă  risca as regras higiĂȘnicas para evitar contaminação. Deslizes resultam em sabor e aroma intragĂĄveis.


AlĂ©m de favorecer o intestino, existem evidĂȘncias de que contribua para a imunidade. “Mas Ă© fundamental que o consumo seja feito de forma gradativa para evitar desconfortos abdominais”, sugere a nutricionista.


E um aviso: crianças, gestantes, idosos, assim como quem apresenta algum tipo de imunodeficiĂȘncia, precisam consultar um mĂ©dico ou nutricionista antes de consumi-lo.


Kombucha


Essa bebida milenar, levemente gaseificada, coleciona estudos mostrando seus benefĂ­cios no equilĂ­brio da microbiota intestinal. Mas para ser considerada legĂ­tima tem que ser preparada com a erva Camellia sinensis, que Ă© a mesma do chĂĄ-verde e do preto.


A fermentação Ă© obra de uma cultura de microrganismos chamada de Scoby (do inglĂȘs symbiotic culture of bacteria and yeast). Em algumas preparaçÔes sĂŁo adicionadas frutas, que incrementam com vitaminas e outras substĂąncias de ação antioxidante.


“E assim como o kefir, o consumo deve ser feito aos poucos para evitar gases e outros desconfortos”, orienta Modenezi. TambĂ©m Ă© importante conhecer a procedĂȘncia, jĂĄ que o kombucha caseiro, feito sem um rĂ­gido controle higiĂȘnico-sanitĂĄrio, pode acabar contaminado e desencadear intoxicação.


A recomendação Ă© buscar opçÔes confiĂĄveis, que apresentem data de validade e sigam normas de fabricação, para evitar desarranjos. “E, como alguns apresentam um leve teor alcoĂłlico, nĂŁo Ă© indicado para gestantes e crianças”, alerta a especialista do Einstein.


Foto de stock de Close-up de mulher fazendo kombucha
O kombucha Ă© uma bebida fermentada feita com chĂĄs que equilibra a flora intestinal e fortalece e melhora o funcionamento do intestino

Iogurtes e leite fermentados


HĂĄ muitas opçÔes de iogurtes e leites diferenciados fermentados por bactĂ©rias — geralmente as dos gĂȘneros BifidobactĂ©rias e Lactobacilos. Inclusive os nomes desses microrganismos, entre outros, precisam constar na embalagem para serem classificados como probiĂłticos.


TambĂ©m vale frisar a importĂąncia de observar a tabela nutricional e a lista de ingredientes estampadas no rĂłtulo. “Alguns produtos contĂȘm açĂșcar de adição, corantes e adoçantes que podem causar estufamento e outros sintomas em pessoas com maior sensibilidade”, comenta a especialista.


Bebidas låcteas probióticas auxiliam contra a constipação intestinal. Não à toa, o leite fermentado foi um dos primeiros a receber o selo de alimento funcional, isso porque além de nutrir traz benefícios extras.


Pão de fermentação natural


“Esses pĂŁes passam por um processo de fermentação mais longo e isso pode melhorar a digestibilidade”, explica Giuliana Modenezi. Ela refere-se Ă s modificaçÔes provocadas pelo levain, fermento feito de leveduras e bactĂ©rias, que fragmentam o glĂșten.


Outra vantagem Ă© que tendem a apresentar mais vitaminas e sais minerais. “Mas nĂŁo Ă© por isso que se deve exagerar nas porçÔes”, avisa. Em um contexto balanceado, o pĂŁo pode ser consumido em quantidade adequada conforme o perfil de cada um.


Uma dica Ă© combinĂĄ-lo com uma fonte de proteĂ­na para favorecer o equilĂ­brio glicĂȘmico. Queijos, ovos, frango e atum desfiados sĂŁo opçÔes de origem animal, jĂĄ as pastas de tofu e de grĂŁo-de-bico sĂŁo exemplos de vegetais proteicos.


Vinagre


Obtido da fermentação do vinho ou de outras bebidas, incluindo a cidra de maçã, o vinagre Ă© bem-vindo no dia a dia para temperar saladas e tantos outros pratos. “Pode apresentar ação antimicrobiana e auxiliar na digestĂŁo de comidas mais pesadas”, observa a nutricionista.


Mas, por ser ĂĄcido, hĂĄ risco de desencadear desconfortos gĂĄstricos e danificar o esmalte dos dentes. “A recomendação Ă© evitar excessos e nĂŁo consumir puro e em jejum”, ensina. E muito cuidado com modismos, jĂĄ que nĂŁo existe nenhuma evidĂȘncia cientĂ­fica robusta de que ajude na perda de peso.


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