Jane Klebia: “Não podemos continuar contando mulheres mortas”Deputada distrital destaca importância de políticas públicas integradas para enfrentar o feminicídio no DF





Por Denise Oliveira



A deputada distrital Jane Klebia (MDB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Legislativa do DF, fez um alerta incisivo sobre a escalada dos casos de feminicídio na capital federal. “Nós não podemos continuar contando mulheres mortas, como temos feito mês a mês”, declarou à jornalista Jaqueline Fonseca e ao colunista Carlos Alexandre de Souza.



A parlamentar destacou que a violência contra a mulher é um fenômeno multifatorial e difícil de enquadrar, dada a complexidade dos contextos familiares e sociais envolvidos. “É uma violência que tem raiz no machismo estrutural. Vivemos em uma sociedade em que o homem é colocado no topo da pirâmide, como o detentor das regras e do poder, enquanto a mulher é vista como alguém que precisa ser tutelada — pelo pai, irmão, marido ou até filhos”, afirmou.



Para Jane Klebia, o rompimento dessa lógica de dominação frequentemente desencadeia reações violentas. “Quando a mulher tenta sair desse ciclo, muitas vezes encontra a morte como resposta. Isso precisa parar”, reforçou.



Na Hora Mulher: acolhimento completo em um único espaço



Entre as iniciativas defendidas pela deputada está o programa Na Hora Mulher, que visa reunir, em um único local, diversos serviços voltados ao atendimento das vítimas. “Se ela quiser resolver sua documentação, registrar uma ocorrência, buscar apoio jurídico ou social, poderá fazer tudo isso ali. Sai protegida e com tudo resolvido”, explicou. A proposta já é lei e, segundo Jane, o momento agora é de regulamentação por parte do poder público, que definirá onde será implementada a primeira unidade.



Comitês de Proteção à Mulher: orientação após o boletim de ocorrência



A deputada também destacou sua primeira conquista legislativa: a criação dos Comitês de Proteção à Mulher. “A mulher sai da delegacia e se pergunta: ‘e agora, o que faço da minha vida?’. Os comitês respondem essa pergunta. Eles orientam sobre onde buscar apoio psicológico, assessoria jurídica, aluguel social ou até mesmo uma casa-abrigo”, disse. Os comitês já estão ativos em regiões como Ceilândia, Estrutural, Sobradinho, Lago Norte, Itapoã e Águas Claras, com o objetivo de cobrir todas as regiões administrativas.



Mulheres negras: vítimas invisibilizadas



Jane Klebia também apontou a necessidade urgente de políticas públicas voltadas às mulheres negras, que enfrentam camadas adicionais de vulnerabilidade. “A mulher negra sofre violência por ser mulher e também por ser negra. Está mais desempregada, tem menos oportunidades e mais filhos. Tudo isso está atrelado à pobreza e ao racismo estrutural”, disse. Segundo ela, o combate à violência precisa ser interseccional, enfrentando tanto a desigualdade de gênero quanto a racial.



“Para mim, foi uma grande vitória propor essa lei que cria um local onde a mulher seja acolhida e fortalecida”, concluiu a deputada, reforçando seu compromisso com a proteção e valorização das mulheres do Distrito Federal.





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